Num mundo que abraçou o consumismo, a slow fashion é uma alternativa ao mercado, que considera, cuidadosamente, os processos e os recursos necessários para a confeção de roupas. Este movimento é uma conscientização e uma abordagem da moda que se concentra em designs intemporais e de alta qualidade, produzidos em pequena ou média escala.

 

O que é a slow fashion?

A slow fashion, que numa tradução literal significa “moda lenta”, surge em oposição à expressão fast fashion, “moda rápida”. Esta última é definida pela produção de roupa em larga escala e é voltada para a exportação em massa, estando alinhada com as tendências atuais, sem considerar os impactos sociais ou ambientais.

A slow fashion e a moda sustentável ou moda ética são movimentos irmãos que seguem as mesmas diretrizes gerais. A slow fashion promove uma produção responsável do início ao fim, valoriza o tratamento justo de todos os envolvidos na cadeia de produção e defende a compra de roupas de melhor qualidade, que durem mais tempo.

Com o objetivo de fazer parte de uma indústria de moda que deixa uma pegada mais leve para as gerações futuras, este movimento foca-se na redução do consumo e da produção, recuando à época em que as roupas eram um investimento de longo prazo e não itens facilmente descartáveis.

 

A origem da slow fashion

Inspirada pelo conceito da slow food, a slow fashion tornou-se conhecida depois de ser amplamente falada em blogs de moda, nas redes sociais e em artigos online. O movimento surgiu como uma alternativa socioambiental mais sustentável no mundo da moda.

Na última década, um número crescente de marcas tem vindo a perceber que é necessário optar por um ritmo mais lento na indústria da moda e começou a optar por abordagens mais sustentáveis na produção de roupas.

 

A slow fashion tornou-se num movimento

A produção globalizada da fast fashion padroniza a roupa no mundo inteiro. Isto reduz as especificidades culturais, desvaloriza os trabalhadores locais e consome mais recursos e matérias-primas.  

Mas à medida que as pessoas exigem padrões de sustentabilidade e ética mais elevados ao longo dos anos, a slow fashion tem crescido e acabou mesmo por se tornar num movimento. Peças de vestuário que carregam uma história, origem, gosto, toque ou aroma, e especialmente que são feitas à mão, estão a ser cada vez mais valorizadas.

Estamos a voltar aos tempos pré-revolução industrial, quando as roupas eram produzidas localmente e refletiam o lugar e a cultura das pessoas que as usavam.

 

Algumas características da slow fashion

  • As marcas têm fornecedores locais e são produzidas localmente.

  • Os sistemas de produção são mais transparentes e têm menos intermediação entre produtor e consumidor, o que os aproxima.

  • Algumas marcas asseguram produção própria, já que têm as suas próprias fábricas.

  • As produções são em pequena ou média escala.

  • As marcas têm apenas alguns estilos específicos por coleção, que são lançados poucas vezes por ano, ou têm uma coleção permanente, sem estação.

  • Por vezes, as roupas são feitas por encomenda, para reduzir a produção desnecessária.

  • As roupas são mais intemporais e seguem menos tendências.

  • As roupas são feitas com materiais de alta qualidade e de menor impacto.

  • As roupas são vendidas em lojas locais.

  • As marcas põem em prática o comércio justo.

  • As marcas promovem a conscientização socioambiental e condições de trabalho justas e equitativas.

  • As marcas promovem a moda circular, já que muitas compram sobras de stock de fábricas têxteis e transformam-nas em novas peças que podem ser utilizadas no seu máximo esplendor.

 

Exemplo do último ponto, é a coleção One Strip. Com tecidos em excesso que tínhamos na nossa fábrica, desenvolvemos um saco reutilizável, elegante e zero desperdício.

 

A moda deve ser uma escolha e não uma imposição

O modus operandi de uma indústria têxtil globalizada, faz com que a moda passe a ser padronizada. Escolher um produto diferente no mercado fast fashion é, simplesmente, impossível.

Por isso, a slow fashion é uma alternativa que promove uma maior liberdade na escolha das nossas roupas. Cada peça tem uma origem, uma característica única e os consumidores conseguem até saber onde é que as suas roupas foram feitas, como foram feitas e por quem.

E como os consumidores têm acesso a este tipo de informações, passa a existir uma conexão. Uma simples peça de roupa passa a ser mais do que um objeto descartável, ganha valor.

 

Como colocar a slow fashion em prática?

Se, enquanto consumidores, nos quisermos juntar a este movimento, devemos considerar algumas questões. Reunimos algumas dicas para tornar a transição para a slow fashion mais fácil:

  • Compreenda a slow fashion: Comece por entender os valores, princípios e práticas do movimento para saber como pode alinhá-los com o seu estilo pessoal e valores.

  • Comece a reparar: A melhor forma de praticar a slow fashion é desacelerando o nosso consumo e começando a cuidar e reparar das nossas roupas

  • Opte pela circularidade: Pondere comprar roupas em segunda mão, participar em trocas de roupas e doar ou vender as roupas que já não usa.

  • Opte pelo consumo consciente: Da próxima vez que for às compras, pergunte-se a si mesmo se precisa realmente daquilo.

  • Procure marcas slow fashion: Apoie marcas que sejam genuinamente sustentáveis e éticas em todas as suas práticas.

  • Compre localmente: Tente descobrir marcas locais e/ou costureiras da sua área.

  • Preste atenção aos tecidos: Tente comprar roupas feitas de tecidos mais resistentes e amigáveis ao meio ambiente. 

  • Escolha qualidade em vez de quantidade: Crie o seu guarda-roupa com peças de roupa intemporais e de alta qualidade, de forma que as possa combinar e usar por mais tempo.

  • Descarte roupas velhas de forma responsável: Se não encontrou alternativas para reutilizar ou doar as suas roupas antigas e precisa de se desfazer delas, procure um ecoponto de roupa mais próximo.

  • Lidere pelo exemplo: Ao adotar este tipo de comportamentos, as pessoas ao seu redor podem começar a notar e podem seguir o seu exemplo.

 

Porque aderir ao movimento slow fashion?

Juntar-se ao movimento slow fashion pode trazer-lhe vários benefícios enquanto consumidor, mas também enquanto ser humano.

O movimento pode ajudá-lo a construir um guarda-roupa com propósito e a investir em peças que conduzam à redução da sua pegada de carbono e que o façam economizar dinheiro a longo prazo.

Além disso, a slow fashion pode contribuir para o seu bem-estar, já que viver com um guarda-roupa minimalista ajuda a reduzir o stress associado a seguir as tendências da moda.